Cinema com Mila - Onde está Hollywood?

Sabe aqueles pensamentos aleatórios que aparecem na sua cabeça às quatro horas da tarde de uma terça-feira chuvosa? Hoje eu tive um desses.

Hoje eu tive um pensamento nostálgico. Eu sinto falta de Hollywood. Eu não sei como explicar isso, mas parece que a Hollywood de hoje não é a mesma daquela que se consagrou.


Eu sinto falta dos atores da era de ouro, das tomadas de câmera do film noir, dos roteiros com plot points interessantes, dos cenários...


Não quero parecer fechada, porque quem gosta de passado é museu, mas eu acredito que toda evolução deve ser para melhor. Caso contrário, melhor dizer retrocesso.  


Eu acredito que, na ânsia de se tornar entretenimento fácil e acessível, o cinema Hollywoodiano perdeu parte de sua alma,  que é a visão artística. Querendo ou não, cinema é arte. Cinema também é produto, mas um produto artístico. 


Se um artista fizer sua arte escolhendo apenas elementos que irão torná-la mais comercial, esse artista corre o risco de não ser um artista, mas sim um vendedor. Estúdios correm o risco de não serem estúdios, mas fábricas. E atores correm o risco de não serem atores, mas peças.


Olhando para os filmes de 2011, posso afirmar que eles são comerciais. E alguns, realmente, deram bons lucros. Ser comercial não é ruim (na verdade, é muito bom). Ruim é colocar seu norte no lucro, porque o lucro pode não estar lá.


Acredito que a mudança em Hollywood começou no tapete vermelho. É claro que o cinema é uma arte glamourosa, que valoriza muito o visual, mas, assim como no teatro, deve haver um limite entre palco e bastidor. Quando não há este limite, tudo parece palco (ou bastidor). 


Por que, afinal, você decide se tornar ator se você quer anonimato? 

Não há anonimato no cinema. Não adianta bater em paparazzi. Você vira a esquina e tem mais vinte. Sua arte é o seu corpo. E se, por exemplo, a Mona Lisa decidisse bater em todo mundo que parasse para admirá-la?


Em noite de premiação, o tapete vermelho mais parece uma vitrine. Principalmente quando a primeira pergunta que se faz para as atrizes é: "Qual é a marca do seu vestido?"

Às vezes parece que, em Hollywood, o bastidor vale mais do que o palco. Quem está se casando, quem está se separando, quem bebeu, quem caiu, quem falou asneiras, quem teve filhos, quem teve filhos fora do casamento, quem adotou, quem traiu, quem saiu nu(a) na internet, quem tem celulite... ahhhhhh...

Não que isso seja culpa de alguém, mas o fato de um ator se tornar maior que o filme é um caminho perigoso para o cinema como arte.


Por exemplo, o filme Água para Elefantes. Eu li o livro antes de ver o filme e posso afirmar que a história do livro é uma das mais lindas que eu já li. A delicadeza de algumas cenas é quase poética. Pensei que o filme seria um arraso.

Mas, quando eu lembro de Água para Elefante, eu penso em Robert+Reese.  


Ano passado, eu e minha mãe fizemos uma espécie de clube do filme. Íamos no cinema todas as sextas à tarde. Acabamos vendo, praticamente, todos os filmes blockbuster de 2011. 

Vimos dezenas de filmes, mas alguns pareciam idênticos. Como "Os Três Mosqueteiros", que é "Piratas do Caribe"... sem o Capitão Jack Sparrow.


E, em alguns casos, o roteiro até parecia inacabado. Como "Contágio", que não mostra o final de alguns personagens. Como "Super 8" que deixa uma quantidade imensa de buracos. Como "Capitão América" que tenta misturar quadrinhos com realidade e só fica parecendo um cara muito idiota, indo enfrentar nazis com um uniforme que só falta ter luz neon e sirene.  

A fórmula para se fazer filmes comerciais em Hollywood está tão aparente que você pode até ver esta se desdobrando diante dos seus olhos. 


Não é uma regra, apenas a maioria. 

Existem filmes atuais tão espetaculares que até parecem pertencer à era de ouro de Hollywood. "A Origem", "Desconhecido", "Rio" e "O Discuro do Rei" são alguns exemplos. E existem muito atores espetaculares, como Meryl Streep, Richard Gere, Robert De Niro, Renée Zellweger, Amy Adams, Natalie Portman e Christoph Waltz. Algumas dessas pessoas já conseguiram me fazer chorar com apenas um gesto. 

Isso é cinema.




Espero que encontrem uma forma de conciliar arte e lucro. Pessoas e ideias incríveis não faltam. Eu espero que Hollywood reencontre sua era de ouro.

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By Ferramentas Blog